quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mestrado em Cultura Árabe

Novas janelas que se abrem...!


Queridos companheiros de reflexão:

Gostaria de informá-los que finalizei minha dissertação de mestrado, cujo tema é:


"A diversidade cultural da Síria através da música e da dança".


Vocês fazem parte deste trabalho pois, direta ou indiretamente, contribuíram para a minha caminhada como pessoa e pesquisadora.

Caso tenha interesse em assistir a defesa, escrevam para marciadib@hotmail.com para saber mais informações sobre data e local.

Obrigada pela companhia neste processo!
Beijo a todos,
Marcia

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Diversidade cultural da Síria

Este é o tema do meu mestrado, que entrego na próxima semana!

Vou falar sobre a riqueza cultural da Síria, enfocando suas músicas e suas danças. Pretendo fazer a defesa no início de dezembro, se tudo der certo. Torçam por mim!

Decidi abordar este assunto porque o Oriente Médio em geral é visto como um bloco homogêneo, sobre o qual é comum falar uma série de inverdades.

Através do estudo das características espaciais, musicais e das danças, procurei mostrar a riqueza deste lugar chamado Síria.

Tive que me dedicar quase que exclusivamente à esta pesquisa, que tem sido maravilhosa! Mas o blog ficou um pouco sozinho... Pretendo recomeçar a escrever em breve!

Obrigada pela companhia !

domingo, 18 de outubro de 2009

Show do Mabruk!

Venha neste sábado ao Café Aman para conhecer ou reencontrar o

Mabruk!
Companhia de danças folclóricas árabes


O Mabruk! pesquisa e apresenta danças do Oriente Médio em geral, procurando extrair de cada região sua expressividade e beleza.

Neste espetáculo, o grupo apresentará danças femininas de diversos lugares do que conhecemos por Síria e Líbano. Uma pequena mostra da grande diversidade e riqueza da região.

As fronteiras da arte são diferentes das fronteiras políticas. A expressão artística é muito mais influenciada pelo modo de vida e pelo ambiente; e a cada mudança destes elementos encontramos sons, gestos e danças diferentes.


Sábado, Dia 24/10, as 21h
Entrada R$15,00

Av. Miruna, 396 Moema
Reservas: 5041-9428/ 7274-9040

Produção e Realização – Cristina Antoniadis

sábado, 3 de outubro de 2009

O ritual do café para os beduínos

Mesmo que os beduínos bebam chá, leite ou água após as refeições, o café é claramente a sua bebida favorita; e a forma como é preparado e servido mostra sua importância simbólica.
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É a primeira coisa a ser servida quando alguém chega, não importa se é um vizinho do mesmo acampamento ou um estranho. A preparação e oferenda do café são fundamentais para a hospitalidade beduína.
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Quando o café será oferecido, forma-se um círculo de pessoas, e nele vários assuntos são discutidos, seja com membros da tribo ou com pessoas vindas de fora. É neste local também que os estrangeiros, homens ou mulheres, são recebidos.
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Esta é a parte masculina da tenda, que funciona como sala de recepção, onde os convidados são recebidos em tapetes e almofadas. Os selins dos camelos são colocados no chão e usados para o apoio dos braços. A quantidade e a qualidade do artesanato dos utensílios usados mostram a prosperidade do dono.


























No centro dela fica um braseiro portátil e um jogo de café. No teto, também no centro, fica pendurada uma sacola de couro, geralmente enfeitada com vidrilhos ou conchas, guardando os grãos crus do café; e uma sacola menor, com os grãos de cardamomo, usados para temperar o café.
Na frente do lugar onde apenas o chefe da casa pode sentar, há um pesado pilão de madeira entalhada, onde colheres para pegar o pó de café são presas por correntes. Elas são feitas em metal com decoração em relevo ou gravação.
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Próxima ao braseiro há uma panela de ferro fundido para torrar o café. O equipamento para o preparo do café tem ainda potes de madeira para se colocar o café torrado e deixar esfriar, e para o café moído tirado do pilão que é transferido para o pote de café.
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Como regra o café é preparado pelo próprio chefe da tenda. A batida rítmica do pilão de café - similar às batidas solo de uma bateria - podem ser ouvidas por todo acampamento. Também serve como um convite para vir e tomar um café. Vários ritmos das músicas beduínas são baseados neste movimento do cotidiano.
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A água é colocada para ferver em uma grande panela. Algumas colheres de pó de café são adicionadas à água fervente. Então o café é fervido várias vezes.
Num segundo recipiente é colocado o cardamomo. Quando o pó de café assentou, o café pronto é colocado no segundo recipiente com o carda momo, fervido novamente e colocado finalmente em um terceiro jarro.
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Por ter sido fervido várias vezes, o café fica forte e amargo. Sua aparência é meio marrom esverdeado e transparente. Uma pequena quantidade do café é colocada em pequenas xícaras, importadas da China. Normalmente o café é servido três vezes seguidas. Se alguém não quer mais café, ele devolve a xícara, fazendo um pequeno movimento com o punho
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Este método de preparo de café só é costume entre os beduínos. Os camponeses ou negociantes da cidade bebem café preparado de outras formas, mas o significado de servir o café – dar as boas vindas – é o mesmo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cinema árabe no Clube Sírio 2

Beirute Ocidental
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.No último dia da 4a. Mostra Mundo Árabe de Cinema de 2009, o filme Beirute Ocidental será exibido gratuitamente no Esporte Clube Sírio neste domingo, às 15h.
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Sinopse:
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Os meninos Tárek e Omar cresciam com esperança na relativamente tranquila Beirute dos anos 70. Numa fase de descoberta, são surpreendidos pela eclosão da guerra civil libanesa, no dia 13 de abril de 1975.
"Nesse filme, Ziad Doueiri aponta elementos da realidade que parecem ter ajudado a expandir o caos e a trágica divisão que tomaram conta do país naquele período, utilizando o ponto de vista dos dois garotos. Tem sequências que mostram em detalhes a linguagem, a ligação com as raízes e o temperamento alegre do povo libanês, e também as peripécias, sonhos e descobertas vividos pelos meninos.
Doueiri vai construindo uma abordagem rica em lirismo e humanidade e nos insere no drama vivido por todos aqueles que resistiram e se recusaram a deixar o país durante esse terrível conflito, que destruiu cerca de 100 mil vidas. O filme mostra como a cidade é dividida por uma fronteira armada entre Beirute Leste e Ocidental, revelando fraturas sociais que anteriormente talvez estivessem reprimidas, pois o Líbano era até então considerado um lugar agradável para se viver. A guerra civil, como fica evidente nessa preciosa criação, é uma ferida que demora muito a cicatrizar, por ser um doloroso conflito entre irmãos." (Gabriel Bonduki)
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Gênero: FicçãoPaís: Líbano/França/Bélgica/Noruega
Ano: 1998
Título original: Beirut al'Gharbieh
Direção: Ziad Doueiri
Elenco: Rami Doueiri e Naaman Salhi
Música: Stewart Copeland
Duração: 105 minFormato: DVD
Idioma: ÁrabeLegenda: Português
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No Esporte Clube Sírio, domingo, dia 13 às 15h
Às 17h o filme O colar perdido da pomba (ver postagem anterior)
O evento é aberto ao público em geral, não é necessário ser associado
Avenida indianópolis, 1192 - Boate
Entrada franca

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cinema árabe no Clube Sírio

Dentro da programação da 4a. Mostra Mundo Árabe de Cinema, o Esporte Clube Sírio apresenta:
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A trilogia do deserto
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O tunisiano Nacer Khemir é reconhecido escritor, poeta e grande contador de estórias. A maior habilidade desse premiado e experiente diretor de cinema está em retratar de maneira primorosa a beleza e a profundidade do deserto. Entre seus mais importantes filmes estão os três longas-metragens de ficção que formam a trilogia do deserto, termo recentemente adotado pela crítica contemporânea de cinema.
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ANDARILHOS DO DESERTO
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Esse filme teve a colaboração da aclamada diretora tunisiana Moufida Tlatli (Silêncios do palácio e Tempo de espera). Seguindo a boa tradição árabe de contar estórias e sua enorme experiência como escritor, aqui o diretor inicia a trilogia do deserto.
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Khemir cria um cenário especial no qual um jovem professor chega e assume a escola de um pequeno vilarejo no meio do deserto. Fortemente influenciado pelas estórias das Mil e uma noites, o filme mostra figuras lendárias que se materializam, crianças que correm por labirintos e o misterioso desaparecimento do professor.
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Na obra, é possível verificar como a lenda, a tradição e o destino estão fortemente ligados àquela comunidade. O cenário é primoroso e tem momentos de beleza inédita.
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Gênero: Ficção
País: França/Austrália Ano: 1984
Título original: Wanderers of the Desert
Direção: Nacer Khemir
Elenco: Soufiane Makni, Nacer Khemir, Noureddine Kasbaoui, Sonia Ichti
Duração: 95 minFormato: DVD
Idioma: ÁrabeLegenda: Português
Festivais:Prêmio do Júri do Festival de Locarno
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No Esporte Clube Sírio, domingo, dia 6 às 15h
O evento é aberto ao público em geral, não é necessário ser associado
Avenida indianópolis, 1192 - Boate
Entrada franca
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O COLAR PERDIDO DA POMBA
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Segundo filme da trilogia do deserto, apresenta enorme influência das Mil e uma noites. O título se assemelha ao de um manuscrito árabe do século XX. O filme mostra a estória de Hassan, que estuda a arte da caligrafia árabe com um grande mestre. Depois de achar um fragmento de um manuscrito, Hassan sai em busca das peças faltantes, acreditando que, ao encontrá-las, terá revelados os segredos do amor. Com a ajuda de Zin, ele encontra Linda Azizi, princesa de Samarkanda.
Ao se deparar com várias dificuldades, inclusive com a guerra, em seu caminho, ele se dá conta de que mesmo uma vida inteira não será suficiente para desvendar as dimensões reais do amor.
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O filme tem como cenário uma mesquita de Alandalus do século XI, que tem o especial significado de ter acolhido diferentes culturas.
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Gênero: Ficção
País: Tunísia/França Ano: 1991
Título original: Dove's Lost Necklace
Direção: Nacer Khemir
Elenco: Nacer Khemir, Soufiani Makni
Duração: 90 min
Formato: DVDIdioma: ÁrabeLegenda: Português
Festivais:Prêmio do Júri do Festival de Locarno
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No Esporte Clube Sírio, domingo, dia 13 às 17h
O evento é aberto ao público em geral, não é necessário ser associado
Avenida indianópolis, 1192 - Boate
Entrada franca
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BABA AZIZ
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Um poema visual de enorme beleza, uma obra de arte de Nacer Khemir, Baba Aziz encerra a trilogia do deserto. O filme inicia-se com a estória de um dervixe chamado Baba Aziz e sua neta espiritual, Ishtar. Juntos, percorrem o deserto atrás de uma grande reunião de dervixes que ocorre uma vez a cada 30 anos. Tendo a fé como único guia, os dois viajam por vários dias pela imensidão. Para ajudar a suportar a viagem, Baba Aziz passa a contar estórias do príncipe do deserto que contemplava sua alma ao lado de uma pequena piscina. No decorrer da narrativa, os viajantes encontram outros que também contam suas estórias.
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Repleto de imagens maravilhosas e belíssima música, Nacer Khemir criou uma fábula inédita e encantadora filmada nas areias da Tunísia e do Irã. O roteiro desse filme foi escrito pelo próprio Khemir, em parceria com Tonino Guerra, autor de diversos roteiros de grande sucesso (Amarcord, Night of the Shooting Stars, Blowup, entre outros).
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Gênero: Ficção
País: França/Alemanha/Irã/Tunísia/Reino Unido Ano: 2006
Título original: Baba Aziz, the Prince who Contemplated his Soul
Direção: Nacer Khemir
Elenco: Parviz Shahinkhou, Maryam Hamid, Hossein Panahi, Nessim Khaloul, Mohamed Graïaa
Duração: 96 min
Formato: DVD
Idioma: ÁrabeLegenda: Português
Festivais:Festival de Fajr (2005), Festival de Muscat (2006) e Kazan Golden Minbar (2007).
Seleção Oficial dos festivais de Locarno e Vancouver.
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No Esporte Clube Sírio, domingo, dia 6 às 18h30
O evento é aberto ao público em geral, não é necessário ser associado
Avenida indianópolis, 1192 - Boate
Entrada franca

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

4a. Mostra Mundo Árabe de Cinema

Em São Paulo acontecerá uma mostra de cinema que traz um pouco da atualidade e diversidade do mundo árabe.
Cada filme procura mostrar uma faceta desta área imensa, que certamente não é um bloco homogêneo e, principalmente, é muito maior que as barbaridades que a mídia costuma atribuir a ela.
Aqui vai o serviço:

4ª Mostra Mundo Árabe de Cinema - de 1º a 13 de setembro
CineSESC, Galeria Olido, Centro Cultural São Paulo e Esporte Clube Sírio

O ICArabe (Instituto da Cultura Árabe) realiza a 4ª edição de sua Mostra Mundo Árabe de Cinema, já consolidada dentro do circuito cinematográfico de São Paulo.
Nesta edição, o evento ocorre em parceria com o Intitut du Monde Árabe de Paris, a Casa Árabe de Madri-Espanha, o SESC-SP e a Secretaria Municipal de Cultura.
Dentre os filmes, estão produções de origem libanesa, tunisiana, egípcia e iraquiana.

Veja a programação completa em: http://www.icarabe.org/mundoarabe2009.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

workshop de música árabe já é domingo!

Venha participar desta viagem musical conosco!
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Pessoal, estamos nos últimos preparativos para o workshop, que já é neste domingo, dia 23 de agosto.
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Como várias pessoas falaram que iriam fazer mas não confirmaram, preciso saber direito quantos vão participar para ajeitar o lugar, o material, etc. Estamos com poucas vagas e é importante que todos fiquem bem.
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Para quem está chegando agora, leia a postagem abaixo ou escreva para marciadib@hotmail.com
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É um workshop que falará sobre as características principais da música árabe e como aplicá-las na hora de elaborar as danças. Aberto a homens e mulheres que estudam ou trabalham com as danças árabes; e também àqueles que amam esta arte.
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Aguardo o contato de vocês e até já!

domingo, 26 de julho de 2009

Música árabe - workshop


WORKSHOP DE MÚSICA ÁRABE
Este é um workshop introdutório à música árabe, específico para quem dança. Serão abordadas as características gerais da música árabe, no que ela se diferencia da música ocidental, quais os aspectos a serem considerados no momento de elaborar uma coreografia ou para fazer improvisos.
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É uma proposta simples, direcionada e prática. Depois de uma aula teórica sobre as características dessa riquíssima música, faremos a análise de uma música específica para dançar. Com a experiência deste workshop, a pessoa (bailarina/o ou coreógrafa/o) poderá pisar com mais segurança neste terreno.
O primeiro passo é aprender a ouvir: a música pode nos dizer muita coisa!
Na minha experiência de 12 anos como professora e coreógrafa, percebi que, comparando duas pessoas que tenham o mesmo nível técnico, a que conhece e estuda música dança melhor!
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Vejam abaixo o programa do workshop e, caso tenham interesse, escrevam para marciadib@hotmail.com
Local: em São Paulo, a 3 quadras do metrô Sumaré
Dia e horário: domingo, dia 23 de agosto, das 9 às 12h e das 14 às 17h
O valor e R$ 180,00, que podem ser pagos em duas parcelas.
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PROGRAMA
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1ª. PARTE - MÚSICA ÁRABE – Teoria básica
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Características Gerais
- a música como identidade cultural
- porque a música árabe é diferente da música Ocidental?
- valor do som e da palavra
- caráter circular
- importância da palavra
- caráter homofônico
- sistema modal / sistema tonal
- os modos
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Aspectos Melódicos
- Homofônico, linha melódica imita a voz humana, caráter melódico (modal)
- AJNAS
- MAQAMAT: ambiente sonoro, afinação, influências sobre o ser humano
- mudanças com tempo
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Instrumentos Melódicos
- orquestra tradicional árabe (takht)
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Aspectos Rítmicos
- importância do ritmo nos diversos tipos de música
- identificação dos principais ritmos usados na dança

Instrumentos Rítmicos
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2ª. PARTE – APLICAÇÃO NA DANÇA
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- como usar a melodia: o que é mais importante, o que valorizar na dança
- os instrumentos e sua atuação no corpo
- melodia e ritmo: como e quando enfatizar cada um
- música no corpo e no espaço
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3ª. PARTE – EXERCÍCIO
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- trabalhar os aspectos abordados no curso em uma música específica
- chegar a uma linha coreográfica

OBS. Trazer CD player com fone de ouvido. A música para o exercício será fornecida em CD.

domingo, 12 de julho de 2009

Rastreadores do deserto


Lendo as areias

Será que o deserto é um mundo de areia sem nenhum ponto de referência?
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Se fôssemos moradores do deserto saberíamos que não. Mas só quem tem a experiência do lugar consegue ver suas nuances. Um exemplo típico é o quanto a areia pode revelar sobre as pessoas e animais que aí vivem.
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Os rastreadores são profissionais com habilidade para “ler” marcas deixadas nas areias do deserto. Compõem uma elite que trabalha localizando pessoas ou animais, seja para esclarecer crimes, ajudar na caça ou procurar parentes e amigos. Têm atuação importante também na preservação ambiental e na guerra terrorista e, por isso, muitas vezes trabalham para o Governo. Ainda existem escolas de rastreamento que estão rareando apesar de sua importância estratégica.
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Mas como ver marcas na areia, em locais onde várias pegadas se confundem, o vento sopra, etc.?
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Há muito tempo, ser um rastreador sempre foi uma grande responsabilidade e status para uma tribo ou clã. Estes tomavam a decisão final e frequentemente eram líderes. Existem tribos famosas por seus rastreadores como, por exemplo, os Murrah, na Arábia Saudita. Eles são líderes entre os beduínos e percorrem grandes áreas com suas manadas de camelos por um território de cascalhos e dunas. Usando a acurada técnica de observação e memória impecável, deslocam em segurança suas famílias por terrenos sem traços característicos para um forasteiro.
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Um rastreador pode ler a areia sem dificuldades maiores das que um morador da cidade moderna tem para ler um livro..
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Como eles adquirem tanta habilidade?
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O aprendizado começa cedo; os garotos têm que reconhecer seus camelos pelo nome e pelo rastro, e eles sempre tinham que saber qual rastro foi feito pelos animais e pessoas de seu próprio grupo. São treinados e testados de várias formas e, conforme crescem, vão ouvindo e aprendendo com os mais velhos essa arte.
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Com o treinamento constante acabam por ver, através dos rastros, se o dono daquela pegada está com fome ou cansado, ou há quanto tempo passou. Observam o ambiente ao redor, se existe um galho quebrado; o rastro de outros animais; se as pressões feitas ao caminhar estão mais voltadas para um lado do que para outro; qual foi o caminho percorrido, etc.
O que uma pegada tem de diferente não é sua forma, mas a maneira como a impressão foi feita. Todo mundo tem uma maneira única de andar.
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Os rastros são, na verdade, tão distintos quanto a impressão digital.
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Um rastreador caminha pelas pegadas e, uma vez que as vê, não olha para trás: as impressões vão sendo mandadas para sua memória. Faz assim um mapa mental, seja de uma pegada, seja de um lugar inteiro. Cada rastro tem em si um pequeno mapa topográfico, que revela seus sinais secretos. É um jogo intenso entre hipóteses e conseqüências lógicas. Na verdade, o que se lê são as pressões:
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Quando um rastreador vê pegadas, é como se visse um rosto olhando para ele.
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Hoje em dia, esta atividade está perdendo seu lugar para exames de DNA e outras tecnologias. Apesar disso, eles ainda ajudam no confisco de armamaento e explosivos, nas interdições de contrabando e mesmo nas construções modernas encontram pistas e marcas.
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Pois é, naquela areia toda há mais sinais do que poderíamos supor...

domingo, 21 de junho de 2009

Tradição oral - Amadou Hampâté Bá


Cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima
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Com esta frase, Amadou Hampâté Bá dá a dimensão da importância da transmissão oral. Ele foi um dos maiores pensadores da África do século XX, tendo recolhido inúmeras histórias e procurado incentivar e divulgar este conhecimento.
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Amadou (1900-1991) nasceu no atual Mali em uma família aristocrática do povo fula. Escritor, etnólogo, filósofo, historiador, poeta e contador, foi da primeira geração local que recebeu educação ocidental francesa. Procurou o reconhecimento da oralidade como fonte legítima de conhecimento histórico. Para isso, recolheu, transcreveu e explicou os tesouros da literatura oral do Oeste da África para o restante do mundo.
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Participando do Conselho Executivo da UNESCO desde 1962, chamou a atenção para a fragilidade desta cultura, proferindo então a famosa frase: “Cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima”, considerando ancião como "aquele que conhece".
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Em seu livro de memórias Amkoullel, o menino fula, descreve seu cotidiano repleto de aprendizado através das histórias contadas e vividas, além de imerso nas crenças e tradições ancestrais que se misturaram aos preceitos islâmicos.
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Sobre o livro Amkoullel, o menino fula:
http://afrobrasileira.multiply.com/reviews/item/2
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Falar sobre Amadou e sua obra é falar novamente sobre tradição oral, sobre a importância da transmissão direta dos ensinamentos, sobre o aprendizado através da experiência. Estes fatores aparecem fortemente também na cultura árabe em geral.
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FORMA DE APRENDIZADO
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A importância da transmissão oral e do conhecimento pela experiência aparecem em diversas passagens do livro:
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- “A memória das pessoas da minha geração, sobretudo a dos povos de tradição oral, que não podiam apoiar-se na escrita é de uma fidelidade e de uma precisão prodigiosas. Desde a infância éramos treinados a observar, olhar e escutar com tanta atenção, que todo acontecimento se inscrevia em nossa memória como em cera virgem. Tudo lá estava nos menores detalhes: o cenário, as palavras, os personagens e até as roupas. (...) Para descrever uma cena, só preciso revivê-la. E se uma história me foi contada por alguém, minha memória não registrou somente
seu conteúdo, mas toda a cena – a atitude do narrador, sua roupa, seus gestos, sua mímica e os ruídos do ambiente.” (p. 13)
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- “Nós as aprendíamos de cor e, se fossem belas, já no dia seguinte espalhavam-se por toda a cidade. Este era um aspecto desta grande escola oral tradicional em que a educação popular era ministrada no dia-a-dia. (...) Para as crianças, estes serões eram verdadeiras escolas vivas, porque um mestre contador de histórias africano não se limitava a narrá-las, mas podia também ensinar sobre numerosos outros assuntos, em especial quando se tratava de tradicionalistas consagrados. (...) Tais homens eram capazes de abordar quase todos os campos do conhecimento da época, porque um ‘conhecedor’ nunca era um especialista no sentido moderno da palavra mas, precisamente, uma espécie de generalista. O conhecimento não era compartimentado. O mesmo ancião (no sentido africano da palavra, isto é, aquele que conhece, mesmo se nem todos os seus cabelos são brancos) podia ter conhecimentos profundos sobre religião ou história, como também ciências naturais ou humanas de todo tipo. (p. 174)
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Veja mais idéia deste pensador em uma entrevista no site Casa das Áfricas :
http://www.casadasafricas.org.br/site/index.php?id=banco_de_textos&sub=01&id_texto=22
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TRADIÇÃO ORAL
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Na nossa cultura entendemos que um povo sem escrita é um povo sem passado, sem uma história e uma cultura. Este pensamento é limitado e com ele arrisca-se a tomar como parte de uma cultura apenas aquilo do que encontramos “evidências”. Sendo que toma-se por “evidência” geralmente algo escrito, documentado. Logo, as culturas mais ligadas à escrita recebem os méritos de objetos e conhecimentos que nem sempre foram originários dela, ou exclusivos dela.
A este respeito o autor deixa clara sua opinião:
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A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si.” (p. 175)
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A respeito da forma de memorização, o autor fala da importância de uma atenção total ao momento presente, para que se absorva tudo o que está sendo ensinado através das histórias:
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“Silencioso como cabia a toda criança no meio de adultos, eu não perdia uma migalha do que ouvia. Foi lá que, mesmo antes de saber escrever, aprendi a tudo armazenar na minha mente, já bastante exercitada pela técnica de memorização auditiva da escola corânica. Fosse qual fosse a extensão de um conto ou de um relato, eu o gravava em sua totalidade e no dia seguinte ou alguns dias depois, o repetia tal e qual a meus companheiros.” (p. 175)
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A importância da memória e da história oral aparece em diversos lugares do mundo. Em São Paulo, temos uma iniciativa que pode ser considerada um importante passo neste sentido: cursos sobre história oral que contam com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Mais informações podem ser obtidas através do Blog Contos Africanos e Árabes:
http://contosafricanosearabes.blogspot.com/2009/02/historia-oral-e-transformacao-social-os.html

sábado, 6 de junho de 2009

A masbaha



A masbaha

Uma imagem na postagem anterior (A tradição oral e a música árabe) gerou uma dúvida que procurarei esclarecer aqui.
Quando falei sobre uma técnica islâmica de memorização, o dhikr, utilizei a imagem de uma masbaha, um colar de contas que tem diversos usos, entre eles o auxílio para a concentração para a repetição das palavras da oração.
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Como se vê abaixo, junto à imagem da masbaha, estava escrito Dhikr. Então esclarecendo:
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Dhikr é a técnica de memorização através da repetição.
E a masbaha é uma das ferramentas utilizadas para o dhikr, mas não a única.
Logo, a imagem é da masbaha, a ferramenta; e a palavra escrita, dhikr, é a técnica.
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O assunto pode ter vários desdobramentos, interessantes e complexos. Levantarei alguns aqui, de forma simples:
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- muitas tradições utilizam contas para auxiliar na concentração e na contagem durante as orações, exercícios espirituais, meditações e pedidos de auxílio.
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Os nomes variam: masbaha para muçulmanos, rosário ou terço para os católicos, mala para os budistas, por exemplo.
O número de contas também varia: 33 ou 99 para cristãos e muçulmanos; 27, 54 ou 108 para budistas. Existe, dentro de cada tradição, variações conforme a finalidade do cordão de contas.
O material pode ser âmbar, madeira, pedras, osso, lã, plástico e outros.
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A elaboração deste colar de contas pode ser a própria meditação, já que sua confecção exige muito tempo, paciência e capricho. Nos mosteiros cristãos ortodoxos, por exemplo, os monges fazem os terços com um cordão trançado em elaborados nós. As masbahas de madeira também despendem muito trabalho. Fazê-los demora algumas horas e exige uma grande concentração.








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Abaixo está o link com um vídeo muito interessante de como se produz uma masbaha de madeira:
http://www.youtube.com/watch?v=Xb2TbUyIeB8
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- nem todos os muçulmanos aprovam o uso da masbaha para este fim.
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Para os muçulmanos, a masbaha é apenas um instrumento de contagem. Tanto faz usar as contas, um cordão com nós ou as falanges dos dedos da mão direita (método muito recomendado). Muitos evitam fazer o dhikr com a masbaha para que esta não se transforme num amuleto, de forma a confundir o objeto com o ato da devoção. Além disso, os muçulmanos não usam a masbaha em volta do pescoço porque acham que pode desvirtuar sua função, que não é de ornamento, nem de proteção.
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A masbaha é um instrumento que ajuda na repetição dos 99 nomes de Deus ou das palavras mais queridas para Deus, o tasbeh: “Subhana Allah, Alhamdu Lil-lah, La Ilaha Il-la Allah, Allah Akbar” (Quão perfeito é Allah, não há divindade real a não ser Allah, Louvado seja Allah, Allah é o Maior).
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O fato de carregar ostensivamente a masbaha pode ir contra os ensinamentos de modéstia e discrição, então alguns sheikhs dizem que é melhor não usá-la, mas não a proíbem. Outro fator é que algumas pessoas contam a masbaha enquanto seu olhar se distrai, o que não é apropriado para a concentração esperada para a repetição.
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- estes cordões são também vistos por vários povos orientais como acumuladores e transmissores de energias positivas, além de eliminadores da tensão nervosa.
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Por esta razão, é comum ver árabes usarem a masbaha apenas para descontrair, relaxar a tensão ou passar o tempo. Ficam num bolso, com suas contas à espera de serem manipuladas pelos dedos do dono. Neste caso, existem as prediletas, e também o material e a cor preferidos para casa ocasião, as mais sofisticadas e as para o dia-a-dia. Existem também a masbaha usada como enfeite na casa e no caso costuma ser feita com pedras grandes e fica exposta, bem à vista. Nunca é demais ter mais uma, sendo assim um bom presente. Um acessório muito útil, principalmente nestes tempos tão tensos...
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Masbaha: escolha a sua



quarta-feira, 29 de abril de 2009

A tradição oral e a música árabe

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A TRADIÇÃO ORAL E A MÚSICA ÁRABE


(Texto baseado em minha dissertação de Mestrado em Cultura Árabe - em desenvolvimento)
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A música, com seu caráter vibratório, faz o elo entre o mundo material e o mundo invisível e espiritual.
O som é invisível e impalpável, por mais nítido que seja. Na maioria das outras artes - seja na pintura, arquitetura, escultura, etc. - os materiais são visíveis. É possível ver o processo de construção ou elaboração, os trabalhadores, os materiais. São objetos que permanecem por muito tempo.
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Mesmo após a adoção da notação musical, a sua execução é invisível. Quando a música acaba, nenhum sinal é deixado, não se pode vê-la de novo, como um quadro, ou reabri-la, como um livro. As gravações são tentativas de conservar o som, mas oferecem experiências diferentes da audição ao vivo de uma peça musical. É como as fotos de um edifício: dão uma idéia da construção, o que é diferente de passar pela experiência de estar nela.
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A ORALIDADE E A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA
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Sem dúvida os árabes produzem material visual belíssimo, mas em geral sua referência sensorial é mais auditiva. Para o árabe em geral a imagem pode ser ilusão, mas o som é concreto. Por esse motivo, o contexto cultural árabe é muito baseado na oralidade.
Apesar de a imagem nos trazer informações mais precisas e detalhadas, somos mais sensibilizados pelo que ouvimos do que pelo vemos. A audição fornece informações que vão muito além do campo visual, complementando-o.
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Mesmo conhecendo e utilizando a escrita para o comércio e governo, os árabes não faziam uso dela nem para a elaboração e armazenamento das poesias ou das músicas, nem para divulgação ou publicação destas. O principal veículo era a memória; eram passadas de geração em geração.
A importância da memória está presente em toda a arte árabe e se baseia no conceito de que o homem tende a esquecer, principalmente as coisas importantes, como sua posição no mundo espiritual.
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Cada cultura desenvolveu, portanto, sua forma de contrabalançar esta característica humana. A oralidade era comum também na Europa e Ásia. Entre os árabes se desenvolveu a pedagogia do dhikr – a “pedagogia do lembrar” -, baseada na repetição, no decorar, nas festas, nos rituais.
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SABER “DE COR” = SABER COM O CORAÇÃO





Uma das formas de lembrar ao homem elementos fundamentais da existência é, portanto, a repetição. Novamente aparece a importância da circularidade na cultura oriental.
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Dentro desse conceito, é possível entender porque a escrita não era usada, optando-se pelo exercício da memória. Além disso, a tradição passada de geração em geração aproxima as mesmas, criando uma cadeia de conhecimento e memória.


O APRENDIZADO DA MÚSICA
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Durante muito tempo, o aprendizado foi longo e baseado na oralidade. Não existiam grandes conservatórios ou partituras impressas. O aprendizado se dava em ambientes particulares, em pequenos grupos, onde era possível captar os ensinamentos e sutilezas do mestre. O estudo sempre foi sutil e cuidadoso, pois as músicas podiam mudar o estado emocional e físico, tanto do ouvinte como do próprio músico.
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Considerando a complexidade da música árabe, é compreensível que muitos ocidentais tenham desistido de entendê-la e estudá-la, classificando-a como “superstição”. A música no Oriente Médio sempre teve um poder moral e espiritual, muitas vezes incompreendido e visto com preconceito. Por isso, o conhecimento era transmitido com cuidado e os músicos muito valorizados.
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NOTAÇÃO MUSICAL
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A música árabe teve seu desenvolvimento apoiado na transmissão oral, mas existiram algumas formas de registrar as músicas ou o aprendizado, que mudaram ao longo do tempo. Entre os árabes era feito com o propósito didático, não com a finalidade de execução. Era um sistema impreciso já que o conhecimento em si, a forma de execução, eram transmitidos oralmente, no contato com o mestre.
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A notação atual é extremamente precisa, mas é preciso lembrar que a partitura não diz tudo a respeito da música.
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Como foi dito em postagem anterior, o sistema árabe comporta várias notas de difícil notação, notas intermediárias, chamadas quartos de tom. Estas notas devem ser executadas de forma diferente, inclusive com outra afinação, dependendo da escala utilizada, da sua posição na seqüência de notas, das notas que estão à sua volta. Todos esses detalhes são impossíveis de serem escritos, mas o músico experiente sabe que eles estão lá, subentendidos na partitura.
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EXECUÇÃO
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Estas características tornam a execução da música árabe mais complexa edifícil, pois depende de o instrumentista conhecer os diversos códigos “embutidos” na partitura. Qualquer alteração feita por seu gosto próprio - a supressão de uma nota, a adição de um intervalo - pode gerar a mudança de escala: isto é bastante usado pelos árabes e exige maestria do músico.
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Quando a música tem propósitos terapêuticos ou de mudança de humor, o intérprete deverá estar sintonizado com todos os elementos análogos àquela escala. Mas, de um modo geral, o músico está habituado com a execução de todos estes detalhes e sutilezas, típicos do mundo modal, ao qual pertence a música árabe.
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Talvez por tudo isso a música árabe soe tão rica, principalmente quando a ouvimos “ao vivo”, sentindo o envolvimento dos músicos com o som, e as vibrações das notas provocando estados diferenciados dentro de nós.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Homenagem a Shokry Mohamed

SHOKRY MOHAMED



Uma pequena homenagem a esse querido professor, coreógrafo, diretor artístico, muito inspirado e inspirador!



Algumas perguntas relativas ao livro “La danza magica del vientre”, de Shokry Mohamed, me inundaram de saudades de seu autor e decidi fazer uma singela homenagem, trazendo algumas informações sobre a vida e a produção artística deste grande dançarino e professor egípcio, infelizmente já falecido.


SITUANDO...

Shokry nasceu no Cairo, em 1951, e aos 12 anos já participava de um grupo de danças folclóricas em seu país. Participou de vários outros grupos e acabou por se estabelecer na Espanha, a partir de 1974. Em Madri funda em 1987 o Grupo Hispano Árabe de Danza e em 1990 funda a primeira escola de danças árabes da Espanha, o estúdio “Las Pirâmides”. A partir daí, começa a divulgar as danças árabes, principalmente as danças populares egípcias, formando bailarinos em diversos países.
Dedicou-se ao estudo da história e características da dança do ventre, tendo publicado alguns livros a esse respeito, onde podemos ver a admiração e o respeito que ele tinha por essa arte e pelas mulheres que a praticavam.
Sua produção artística é significativa, pois além dos grupos de dança, dirigiu também o grupo "Gitanos del Nilo", de música.

Além disso, publicou livros relacionados ao tema da dança, todos pela Ediciones Mandala:
- “La danza magica del vientre”, em 1995
- “La mujer y la danza oriental”, em 1998
- “La bailarina del tiemplo”, em 1999
- “El reinado de las bailarinas”, em 2005

Produziu também a primeira revista de dança oriental em língua espanhola, chamada “Danza Oriental”, a partir de 2003. Esta revista possui artigos escritos por pessoas de diversos países e pode ser adquirida através do site. Na edição de setembro de 2006, número 18, os amigos e colegas escrevem, despedindo-se do mestre.

Para conhecer mais sobre sua escola, visite o endereço:
http://www.estudiopiramides.com/

Bom, a produção artística e intelectual foi grande, mas não foi maior que sua dedicação à divulgação e ensino da dança, cujo sucesso pode ser visto através de seu legado. Sua escola continua fazendo seu trabalho, com as gerações se sucedendo: esse é o sonho de qualquer educador!

Vejam as fotos de alguns trabalhos de seu grupo, retiradas do site da sua escola:
















Lindas danças...




E O PRINCIPAL: A PESSOA

Tive o prazer de conhecê-lo nas vezes em que veio ao Brasil, trazido por Fadua Chuffi, grande bailarina e professora. Participei como bailarina no espetáculo “Jandin de la Danza”, idealizado por ele na Espanha e trazido por ela para o Brasil em 1999. Ensaiamos vários meses, 6 bailarinas e 8 músicos, as coreografias criadas por ele. Eram vários tipos de dança que se entrelaçavam, num painel muito bonito da diversidade das danças árabes. O fato de termos a presença dos músicos durante os ensaios foi bastante enriquecedor para todos.
Quando o espetáculo estava levantado, Shokry veio ao Brasil para finalizar os ensaios. Sua chegada, como sempre, iluminou tudo! As danças ganharam mais vida, as interpretações enriqueceram a parte técnica, já conhecida pelos nossos corpos.

Shokry, com sua precisão ao pedir e demonstrar um gesto ou uma intenção, nos trouxe o caráter de cada dança, o recheio imprescindível para o movimento.
Sua dificuldade em se expressar verbalmente, devido à doença, só fez notar o quanto todo o seu corpo era um transmissor de idéias.
Mesmo quando dava aulas em grupos grandes, sem a intenção de fazer um espetáculo, era muito generoso em relação ao seu conhecimento. Seu corpo era conhecimento e sensibilidade, e um gesto seu dizia tudo!

Até hoje lembro perfeitamente de seus olhos sorridentes... aquele brilho que existe quando a pessoa faz o que gosta ou o que sabe ou, melhor ainda, quando a pessoa gosta do que sabe e entende do que gosta, e muito!


Nunca vou esquecer do prazer de dançar que conheci neste mestre. E também do prazer em partilhar o conhecimento. Obrigada, Shokry, onde você estiver! E que sua dança continue girando entre nós!