sábado, 24 de novembro de 2012

Sinal da cruz à maneira Ortodoxa

 
No Brasil, no final do século XIX e início do século XX, houve uma grande migração de cristãos ortodoxos sírios e libaneses. Muitos deles estabeleceram-se em São Paulo e trouxeram também sua fé e costumes religiosos e espirituais.
Um deles é o sinal da cruz: este é feito de maneira um pouco diferente daqueles que os católicos romanos fazem. Em missas onde estão católicos e ortodoxos, pode parecer estranho que cada um faça o gesto de uma maneira, mas o importante é que seja feito com fé.

O significado do sinal da cruz ortodoxo é o seguinte:

Posição dos dedos:
- polegar, indicador e médio unidos
- dedos anelar e mínimo unidos na palma da mão

Significado:
- polegar, indicador e médio unidos: Santíssima Trindade - três hipóstasis, um só Deus
- anelar e mínimo unidos: dupla natureza de Jesus Cristo, divina e humana
- na palma da mão: Encarnação do Verdo de Deus no ventre da Virgem Maria

Movimento:
- toca-se a fronte (pedimos bons pensamentos) e, em seguida, o peito (pedimos bons sentimentos): em nome do Pai, do Filho - Jesus desceu dos céus à terra.
- toca-se o ombro direito e, em seguida, o esquerdo (pedimos forças): ... e do Espírito Santo, Amém -  Jesus subiu aos Céus e sentou-se à direita do Pai

domingo, 23 de setembro de 2012

O Brasil Árabe

A Presença da Milenar Cultura Árabe na Formação da Identidade Cultural Brasileira

SESC Campinas - Data: 26/09/2012 - 10:00 - 30/09/2012 - 18:00
 
O evento, que será realizado no SESC Campinas, propõe a reflexão sobre a influência da cultura árabe no Brasil através de palestras e atividades que mostram a contribuição dos árabes e seus descendentes em diversos setores da sociedade brasileira, como música, literatura, saúde, esportes, culinária, educação, religião, comércio, marketing e política.
A programação conta com nomes de destaque como o escritor Mamed Jarouche, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o economista e ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, embaixador chefe da missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil, Bachar Yaghi, diretor do departamento do Oriente Médio no Itamaraty, Carlos Martins Ceglia, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (correalizadora do evento), Salim Schahin, além de Michel Alaby, diretor-geral da entidade, Rubens Hannun, vice-presidente de Marketing, e Riad Younes, diretor da instituição.
Haverá ainda uma exposição de peças dos acervos de famílias árabes, incluindo fotos, peças de roupas e artesanato. A embaixatriz da Palestina, Nahida Tamimi Alzeben, irá expor peças típicas das vestimentas das mulheres de seu país.
Realização: Instituto Jerusalém - Ponto de Cultura Árabe
Correalização: FAMBRAS (Federação das Associações Mulçumanas do Brasil) e Câmara do Comércio Árabre Brasileira.

Serviço:
Evento "O Brasil Árabe"
De 26 a 30 de setembro
Teatro do Sesc de Campinas
Rua Dom José I, 270/333, tel.: +55 (19) 3737-1500 begin_of_the_skype_highlighting GRÁTIS +55 (19) 3737-1500 end_of_the_skype_highlighting
Para mais informações, acesse
http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/busca.cfm?conjunto_id=10202

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Instrumentos musicais árabes à venda

Uma amiga minha, Tiana, possui vários instrumentos musicais e objetos àrabes à venda.
- Derbak
- Snuj
- Pandeiro
- Faixas egípcias
Entrar em contato diretamente com ela:
Celular: 11 997 470 784
Comercial: 11 5576 9583
Email: tiana.k@terra.com.br

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Samah - Danças palacianas árabes

Neste segundo semestre, o Pandora Espaço de Danças trará mais um curso especial com a mestra Márcia Dib!!
Um curso voltado para estudantes de danças orientais de todos os níveis, abordará as danças palacianas árabes.
 
CURSO ESPECIAL
 
"DANÇAS PALACIANAS ÁRABES"
com Márcia Dib
 

O curso aborda as danças executadas em palácios e casas nobres, que eram praticadas por bailarinas contratadas e treinadas. Os gestos, sempre muito suaves e de grande beleza, procuram acompanhar os diversos ritmos executados nestas ocasiões. Em cada aula será estudado um destes ritmos, assm como os movimentos correspondentes, chegando a pequenas sequências.
As informações foram trazidas de viagens de estudo para a Síria, um dos lugares onde estas danças foram muito praticadas (além de outros como, por exemplo, Andaluzia e Bagdá), e onde até hoje é considerada uma das mais importantes e representativas da cultura árabe.
Módulo com 4 aulas (último sábado de cada mês)
Dias 25/08, 29/09, 27/10 e 24/11
das 10h30 as 12h30
4 X R$90,00 ou R$325,00 a vista
VAGAS LIMITADAS
Inscreva-se!!!
Pandora Espaço de Danças
Rua Domingos de Morais, 628 sl.7 (em frente ao metrô Ana Rosa)
11 3867-1738 begin_of_the_skype_highlighting GRÁTIS 11 3867-1738 end_of_the_skype_highlighting
11 9 7274-9040 (vivo)
Saiba mais sobre o Pandora: http://pandoradancas.blogspot.com.br/

terça-feira, 10 de julho de 2012

Cidades árabes - a estrutura urbana

As cidades árabes, mesmo tendo características diversas, mantêm uma estrutura que pode ser vista na maior parte delas. Embora esta estrutura tenha se alterado com o tempo, em muitas cidades ainda é possível reconhecê-la.


Mapa da cidade antiga de Alepo, Síria

A cidade é murada; os muros têm um formato irregular refletindo o crescimento e diminuição da cidade.


Muitos portões funcionam como passagens de outras cidades para dentro dela. A comunicação com a área rural também é fujndamental pois a cidade, sendo o local de produção não agrícola (comércio, serviços, indústria e artefatos), forma uma unidade indissociável com o campo, de onde vem o alimento e outros produtos do meio rural.
Ao redor dos portões mais ocupados formam-se os subúrbios, onde pode ser encontrada a economia secundária, próxima à entrada.
Tanto as estradas como os eixos da malha viária urbana se conectam com estes portões, cujo número variam conforme as necessidades de cada cidade.




Cercada pelo muro está a cidadela, o lugar do poder governamental. Ela localiza-se na porção periférica e tem ligação direta com o lado externo, a fim de exercer melhor o controle.

                                                                                             Grande Mesquita


Internamente, a Grande Mesquita localiza-se sobre o principal eixo de comunicação e define o ponto central da cidade. Na sua vizinhança há sempre prédios administrativos e escolas (medrese). A partir dela saem as principais vias de acesso, que atraem o comércio e serviços, formando os mercados (suq), com suas lojas de produtos especializados. Na periferia do mercado estão os produtos mais simples e de uso cotidiano. }Próximos às entradas da cidade estão geralmente lojas e serviços cujo conteúdo é apropriado para a clientela rural.

Mercado


Atrás das lojas estão as pousadas (khans), grandes construções que ofereciam alimento, alojamento e oportunidades de negócios às caravanas, além de depósito para mercadorias.


    Entrada de um Khan, em Damasco, Síria


Os banhos públicos (hammam), desde os mais simples até os mais sofisticados, também se localizavam próximos às mesquitas, a fim de que os fiéis pudessem fazer suas abluções antes da oração. Além das abluções, são usados para banhos, sauna e tratamentos de relaxamento, beleza e revigoração. É também importante ponto de encontro e comemorações. Mesmo atualmente, com água encanada nas casas, o hammam continua a ser usado.

 
Entrada de um hammam


O traço fundamental da estrutura da cidade árabe tradicional é a separação muito marcada das funções econômicas e as funções residenciais. A partir deste centro, o comércio se dilui em pequenos estabelecimentos não especializados, que servem às áreas residenciais. Os quarteirões residenciais são encontrados espalhados, dentro e fora dos muros, e o acesso a eles é feito pelas vias secundárias, travessas e ruas sem saída. Antigamente, esses quarteirões possuiam portas que eram trancadas à noite, com o objetivo de segurança. Nestes quarteirões, podem ser encontrados todos os elementos necessários á vida urbana num bairro: mesquitas, banho público, padaria, fonte pública, escola e mercados locais.

Bairro residencial

Mesmo com o desenvolvimento das cidades, esta estrutura pode ser encontrada em diversos países. Estes locais são geralmente chamados de “cidade antiga”. Em alguns lugares, a cidade antiga não é mais utilizada (por exemplo, em Alepo, Síria) mas, em outros, continua em atividade plena (por exemplo, em Damasco, Síria, foto abaixo).

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Comida árabe!!!!

SAHTEIN !!!! (bom apetite!!!)
Recebi e repasso:

A primeira de mil e uma noites de culinária e cultura árabe em São Paulo

No dia 11/04 (4ª. feira) serão oferecidos 20 pratos degustativos, especialmente elaborados pelo chefe Mokrane Kahlal, uma sumidade da cozinha oriental (https://www.facebook.com/mokrane.kahlal).

O mestre, Mokrane Kahlal, recém chegado ao Brasil, andou experimentando pratos tidos como “comida árabe”, em SP, e afirma que os paulistanos ainda não degustaram o tempero árabe puro.

Hoje em dia, a culinária árabe é resultado da combinação de diversas cozinhas muito ricas e que engloba vários países do mundo árabe que vão do Iraque ao Marrocos, também incorpora a libanesa, a egípcia e outras. Alimentar-se, apenas, não basta. Seres complexos que somos, não paramos de inventar e reinventar métodos de preparo da comida e de rituais de como melhor consumi-la.

A culinária não é algo dissociado da expressão cultural de um povo, ou seja, da música, das artes, do cotidiano. E nesta noite do dia 11/04, os participantes também terão o prazer de apreciar uma linda performance de dança árabe.

Cabe ressaltar que o Restaurateur é um antiquário no dia-a-dia, só abre para eventos de culinária em datas especiais. Serão 40 lugares, logo, requer reserva antecipada.

Esta não será apenas a 1ª das mil e uma noites da comida e cultura árabe, é também o lançamento de uma iniciativa que objetiva ser ampla, algo a ser deliciosamente apreciada ao longo de intervenções diversas,

Serviço
O que: Noite Árabe
Quando: 11/04/12, 4ª. feira, às 20h
Local: Restaurateur - Rua Cardeal Arcoverde, 1479, São Paulo
Reservas: (11) 9900 7110 c/ Anariá Corona
R$ 80,00 por pessoa, 18 pratos degustativos, não inclui bebidas (36 lugares).
Importante: Não aceita cartão de débito ou crédito.
O Restaurateur (http://restaurateureventos.blogspot.com.br/ )
Chefe: Mokrane Kahlal, descedente de argelinos, já atuou na Árgélia, no Marrocos,no Líbano, em Portugal, entre outros.


Equipe organizadora do projeto
Anariá Corona (Cordenação Geral)
Mokrane Kahlal (Chefe)
Maria Nilda R Santos (Comunicação/Gestão de desenvolvimento Institucional)
Maria Fernanda Corona (curadora)

terça-feira, 6 de março de 2012

Curso Danças Folclóricas Árabes

Início 17 de março! Não perca!

O Pandora Espaço de Danças está lançando mais um curso especial!
Com início neste mês de março, dia 17/03, o curso ministrado pela pesquisadora, professora, bailarina, coreógrafa e Mestre em cultura árabe Márcia Dib.
Terá como foco as danças folclóricas de diversos tipos e regiões do Oriente Médio, com duração de 4 meses, sendo 1 aula por mês.
Abordará, além dos movimentos, suas características culturais e históricas, suas procedências e diferenciais.
Inscreva-se e reserve sua vaga!

ESTUDO DOS FOLCLORES - Curso com Márcia Dib
Sábados, dias 17 e 31/03, 05/05 e 02/06
das 10h30 as 12h30
Investimento: 4x R$90,00 ou R$325,00 a vista
VAGAS LIMITADAS

Pandora Espaço de Danças
Rua Domingos de Morais, 628 sl.7 (em frente ao metrô Ana Rosa)
11 3867-1738/ 7274-9040
Visite o site e confira os demias cursos especiais e regulares:
http://pandoradancas.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de março de 2012

Danças folclóricas árabes

Entrevista concedida para o blog http://www.pandoradancas.blogspot.com/


Pandora Danças: Márcia, como você iniciou seus estudos nas danças orientais?
Marcia Dib:Já havia feito aulas de outras modalidades de dança mas, quando eu comecei a praticar a dança oriental, não quis mais parar, senti que ali estava meu lugar. Depois disso, fiz aulas com diversas professoras em São Paulo e Nova York.

PD: O que te motivou a estudar e pesquisar os folclores árabes?
MD: Quando fui estudar a dança oriental na Síria, encontrei uma riqueza inesperada: as danças folclóricas. Percebi que aquelas danças, tão variadas e bonitas, me tocavam profundamente, e decidi estudá-las mais a fundo.

PD: Qual a importância de se estudar os folclores para quem estuda a dança do ventre ou dança oriental “Raks El Sharki”?
MD: Eu não acho que uma bailarina com foco na dança do ventre deva, necessariamente, estudar as danças folclóricas. Se ela se sentir atraída e motivada, se quiser estudar realmente a origem, a motivação e a técnica das danças folclóricas, deve fazer isso! Mas se o objetivo dela for colocar alguns números de dança folclórica apenas para “incrementar” seu show (muitas vezes desrespeitando o figurino, a música e o contexto dela), acredito que deveria pensar melhor, para não usar o folclore de forma leviana. Às vezes acontece de uma aluna procurar as danças folclóricas apenas como um “enfeite” e depois se apaixonar por elas e começar a estudá-las seriamente. As danças folclóricas são maravilhosas e um universo riquíssimo em gestos, intenções e músicas. Com certeza qualquer bailarina terá seu repertório artístico e cultural ampliados ao estudá-las!

PD: Você é de descendência árabe, mais precisamente Síria, como foi para você e sua família a sua escolha em seguir o caminho das artes?
MD: Eu nunca havia ouvido uma música árabe em casa, ninguém dança, nada mesmo! Foi um gosto meu, que se desenvolveu aos poucos. No início meus pais não levaram muito a sério, mas depois, quando perceberam a minha dedicação e seriedade, assim como os resultados de meu trabalho, ficou claro que não era uma mania ou capricho, mas algo muito forte que estava acontecendo dentro de mim.

PD: No que você acha que sua descendência mais contribuiu para seus estudos e formação?
MD: Acredito que herdamos muito mais que a cor dos olhos ou algum traço de personalidade. Só quando eu fui para a Síria, soube que muitos de meus antepassados tocavam e dançavam, e minhas primas dançam maravilhosamente, nas festas da família. Eu me sentia “em casa” enquanto estava aprendendo determinadas danças; acho que isso também é herança! Sinto correr nas minhas veias um amor pela cultura árabe que me levou a abandonar duas profissões (sou formada em arquitetura e fiz teatro profissional por vários anos) e me move a ir cada vez mais fundo nesta área. Além disso, respeito muito minhas origens, e procuro estudar seriamente a cultura e suas manifestações, procurando fugir dos estereótipos e imagens distorcidas.

PD: Sabemos que você passou um período no Oriente estudando as danças e cultura árabe. Conte-nos um pouco como foi essa experiência.
MD: Como disse, a riqueza e a diversidade da danças folclóricas foram uma agradável surpresa para mim. Aos poucos, nas aulas e estágios que fiz na Síria, fui entendendo que a dança folclórica é muito forte e, quando é levada para o palco, exige ainda mais criatividade e destreza. Meu corpo foi entendendo a expressividade presente na dança de cada região. Cada lugar tem sua própria dança e música, com seu tônus muscular, sua intenção, seus gestos... É um mundo novo, enorme! Se pensarmos que cada país tem esta diversidade e riqueza, vamos ampliar a maneira como vemos as danças folclóricas e o próprio Oriente Médio.

PD: Você escreveu um livro sobre música árabe. Por que você sentiu essa necessidade e qual a importância de se ter um bom conhecimento no assunto para quem estuda as danças orientais?
MD: Eu estudei música ocidental por muitos anos, piano e canto. Cantei profissionalmente em dois grupos, gravei um CD, enfim, a música sempre esteve muito presente em minha vida. O livro é uma parte de meu mestrado, no qual discorri sobre a música e dança da Síria e, para isso, tive que aprofundar meus estudos também na música oriental. Eu já havia feito , há muitos anos atrás, aulas com Sami Bordokan, que me ajudaram muito a entender esse universo. Foram 2 anos de aulas particulares, um curso bem intensivo e focado. Aprendi muito com ele!. Depois estudei música na Síria também, além de ler bastante sobre o assunto. Achei importante escrever o livro por ainda não haver nada escrito em português sobre esta música maravilhosa e, quando fiz o mestrado, tive dificuldade em encontrar bibliografia apropriada. Por isso quis dar minha contribuição. Além disso, tenho a convicção de que, se compararmos duas bailarinas com o mesmo nível técnico, dança melhor aquela que conhece música: ela dança com mais propriedade, segurança, aproveita melhor as linhas melódicas e rítmicas, as pausas. Por todos estes motivos decidi escrever o livro.

PD: Como você vê o desenvolvimento da dança oriental e dos folclores árabes aqui no Brasil. Em quais aspectos você julga que os profissionais brasileiros deixam “a desejar” e em quais você acha que são exemplares?
MD: Por um lado, existem muitas pessoas praticando e estudando, o que é bom. Depois de um “boom” inicial, agora as pessoas têm procurado mais informações sobre a dança, a música, a cultura árabe, enfim, uma boa formação, o que é ótimo! Por outro lado, sinto que o “mercado” leva muitas pessoas a tratarem a dança simplesmente como um produto. O espetáculo de dança tem sido, muitas vezes, um “show de variedades”. As bailarinas se sentem obrigadas a ter uma novidade, a fazer o passo ou a dança da moda, a incorporar elementos mesmo que ainda não tenha muito conhecimento ou experiência. Isso me incomoda bastante, acho que empobrece algo que poderia ser muito maior e especial.

PD: Qual aspecto você julga de extrema importância para quem quer estudar os folclores de uma determinada região?
MD: Acho que o principal é ter vontade sincera de conhecer aquela manifestação cultural e artística. Um olhar atento e o pensamento aberto, sem achar que já sabe, já conhece. Cada região pode nos mostrar um mundo novo! Existem danças que partem de uma mesma motivação – por exemplo, buscar água no poço – mas se manifestam de maneira diferente em cada lugar. É aí que está a riqueza das danças folclóricas.

PD: Você também tem uma pesquisa e estudo das danças palacianas, no que elas diferem dos folclores?
MD: Ao contrário das danças folcóricas, que nascem do povo e possuem movimentos conhecidos e praticados por todos, as danças palacianas são feitas para serem mostradas para alguém, sejam nobres ou governantes, e exigem bailarinos altamente treinados, que executam movimentos amplos, graciosos, mas nem sempre orgãnicos e naturais. São danças que procuram a Perfeição, a Beleza, a Harmonia. São danças lindas e pouco conhecidas, trabalhadas sobre músicas eruditas complexas e belíssimas!

PD: Cite alguns nomes de professores e mestres que fizeram diferença na sua vida e por que.
MD: Foram muitos os que contribuíram e ainda contribuem – para minha caminhada! Desde meus professores e colegas de piano, canto, teatro, cenografia, iluminação, arquitetura, até pessoas amigas que me ajudaram – mostrando um novo jeito de ver as coisas e as pessoas - e não sabem disso. Em relação aos professores e mestres, além de Sami Bordokan que, como eu disse, abriu meus olhos, ouvidos e coração para a música árabe, devo muito aos meus professores na Síria (música árabe e danças folclóricas) e em Nova York (dança do ventre) . Aqui no Brasil, minha gratidão vai especialmente para Fadua Chuffi, com quem aprendi muito sobre a dança oriental. Eu já havia feito aulas com mais de 10 professoras, mas com ela entendi a riqueza e a seriedade de estudar essa dança com profundidade. Fiz vários anos de aulas particulares e em grupo com ela e tive uma base sólida, que me permitiu vôos mais altos. Eu devo muito também às minhas colegas, com quem aprendi bastante e sempre; e às minhas alunas, que me renovam a cada dia.

PD: Qual conselho você daria para as estudantes e profissionais que pretendem seguir a carreira profissional na dança?
MD: Acredito que a bailarina deve procurar ser sincera na sua dança, evitar seguir modismos e procurar saber o que diz seu corpo, coração e mente. Ela deve respeitar a dança que escolheu que, sendo uma dança étnica, tem aspectos culturais “embutidos” nela que devem ser estudados e levados em consideração. Deve também ter a humildade de saber que sempre é possível aprender mais, subir um pouco mais a montanha do conhecimento para ter uma vista mais ampla e conseguir olhar mais longe. Deve procurar aprender com os erros, seus e dos outros. Respeitar suas colegas e todos os que colaboram com a aula ou o show. Ver muitos espetáculos, de vários tipos de dança, ouvir muita música. Enfim, se abrir para o mundo das artes e não se deixar empobrecer, tentando caber num estereótipo imposto pelo mercado. E, finalmente, deve agradecer por danças tão bonitas existirem!